A inflação é um conceito econômico que tem um impacto profundo e abrangente sobre a economia e o cotidiano das pessoas. Para entender a inflação e suas consequências, é essencial desvendar suas nuances, os fatores que a impulsionam, e as estratégias para mitigá-la. Este artigo busca explorar esses aspectos de maneira detalhada e acessível.
O Que é Inflação?
Inflação é o aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços em uma economia ao longo do tempo. Quando ocorre inflação, cada unidade monetária compra menos bens e serviços, diminuindo assim o poder de compra da moeda. A inflação é geralmente medida por índices de preços, como o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que monitora a variação dos preços de uma cesta de bens e serviços representativa do consumo médio das famílias.
Impacto da Inflação no Poder de Compra
A inflação afeta diretamente o poder de compra dos consumidores. Quando os preços sobem, a quantidade de bens e serviços que podem ser adquiridos com uma determinada quantia de dinheiro diminui. Isto é particularmente desafiador para indivíduos com renda fixa, como aposentados, assalariados, e até mesmo empresários, que por vezes, não consegue fazer o reajuste dos seus produtos e serviços, e acabam vendo seu poder aquisitivo corroído.
Além disso, a inflação pode distorcer a alocação de recursos na economia, afetar contratos de longo prazo, e criar incertezas que desencorajam investimento e poupança. Em casos extremos, como a hiperinflação, a moeda pode perder totalmente seu valor, desestabilizando a economia.
Estratégias para Controle da Inflação
Controlar a inflação é um desafio complexo que exige uma combinação de políticas fiscais e monetárias. Aqui estão alguns dos principais caminhos:
- Política Monetária: Os bancos centrais desempenham um papel crucial no controle da inflação através do ajuste das taxas de juros e da regulação da oferta monetária. Aumentar as taxas de juros pode ajudar a conter a inflação, tornando o crédito mais caro e reduzindo a demanda agregada.
- Política Fiscal: Governos podem adotar medidas fiscais para controlar a inflação, como reduzir gastos públicos ou aumentar impostos, diminuindo assim a demanda econômica.
- Reformas Estruturais: Implementar reformas que aumentem a produtividade e a eficiência econômica pode ajudar a conter a inflação de custos. Isso inclui a melhoria da infraestrutura, a simplificação de regulamentos, e o incentivo à inovação.
Como a inflação pode ocasionar o aumento da carga tributária
Como a inflação corrói o nosso poder de comprar, nós já sabemos, mas você sabia que a inflação também pode acarretar no aumento de impostos para os contribuintes ? Exatamente, acontece que todas as alíquotas cobradas de impostos são feitas através de percentual sobre o valor total da renda ou faturamento, ou seja, se o seu salário aumenta devido a inflação, o imposto cobrado sobre ele também irá aumentar. Para um melhor entendimento, irei trazer alguns exemplos prático:
Recentemente, o governo encaminhou a PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2025 ao congresso nacional, sem a correção da tabelado IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física), ou seja, quem recebe até dois salários mínimos, irão perder a isenção do tributo no próximo ano. Segundo o projeto, o salário mínimo irá aumentar de R$ 1.412 para R$ 1.509 em 2025, aumento esse gerado pela inflação do período, onde nessas condições, o governo poderá arrecadar em torno de 8 bilhões a mais em 2025, simplesmente porque foi feito o reajuste do salário mínimo, mas não foi feito o reajuste da tabela de isenção do impostos de renda.
Se tratando ainda do IRPF, nós possuímos algumas tabelas de deduções que podem ser utilizadas para reduzir a carga do impostos, como gastos com educação por exemplo, o que ocorre, é que desde 2015, o limite permitido você conseguir deduzir o seu imposto, é de R$ 3.561,50, sendo assim, todo gasto com educação que você tiver a cima desse valor, você não conseguirá utilizar para abater no seu IR. Porém, você provavelmente viu o valor da mensalidade com educação aumentar drasticamente de 2015 até agora, que se formos contabilizar de forma acumulada, giraria em torno de 52%, devendo ser o limite dedução por volta de R$ 5.413,48 e não os R$ 3.561,50 atuais, que portanto, acaba ocasionando o aumento no seu imposto de renda.
Podemos pegar um exemplo também da pandemia, que devido a vários fatores, vimos um extravagante aumento em muitos dos nossos produtos e serviços, e pegando como base, os automóveis, que em certos casos presenciamos uma atualização de mais de 50% no valor de vários veículos na tabela FIPE, considerando que o IPVA do seu carro seja de 1,5%, com valor médio de R$ 50.000,00, você pagaria por volta de R$ 750,00 reais de IPVA, ou seja, por conta desse enorme aumento no valor dos veículos, o valor que antes era de 50 mil, passou a valer por voltar de 75 mil, ocasionando um aumento também no IPVA para R$ 1.125 reais, sem você fazer absolutamente nada.
Outro exemplo que podemos citar é o do MEI, que possui um limite de faturamento de 81 mil anual, desde 2018, ou seja, caso você fature mais que esse valor no ano, você seria obrigado a sair do MEI, e pagar os tributos normais sobre o seu faturamento, que podem variar entre 4,5% e chegar até 25% em alguns casos. Entretanto, se formos analisar a inflação acumula de 2018 a 2023, estaríamos falando algo em torno de 31%, portanto, se o limite fosse atrelado a inflação, o valor de isenção do MEI seria por volta de 105 mil anuais, trazendo um pouco de folga para o micro empreendedor individual, evitando um elevado aumento da carga tributária.
Esses foram apenas alguns exemplos, em meio a vários outros que poderiam ter sido citados. Sendo assim, vimos que a inflação não apenas corrói o seu poder de compra, mas ela também causa um aumenta na carga tributária. Este fenômeno complexo, é algo que nos afeta diretamente e pode prejudicar toda uma sociedade e sua economia. Entender suas causas e efeitos é essencial para desenvolver estratégias eficazes de controle. A adoção de políticas prudentes e uma gestão econômica cuidadosa são fundamentais para preservar o poder de compra e garantir a estabilidade econômica a longo prazo. Em última análise, a educação financeira e a compreensão pública do fenômeno inflacionário são vitais para a construção de uma sociedade economicamente resiliente.